Por favor, cuide de mamãe (엄마를 부탁해) é um livro da autora coreana Shin Kyung-sook (신경숙), a primeira mulher a ganhar o "Man Asian Literary Priz" em 2012 com o mesmo livro, que vendeu um milhão de cópias em 10 meses após seu lançamento em 2009 na Coreia do Sul.
Além de ser um livro aclamado pela crítica, este livro também foi escolhido por Oprah como um dos "18 livros para vigiar em abril de 2011" e pela Amazon como um dos "melhores livros do mês: abril de 2011".
A autora Shin Kyung-sook, que nasceu em um vilarejo próximo a Jeongeup, na província de Jeolla do Norte, diz que escreveu este livro porque quando tinha 16 anos, pegou um trem com sua mãe para Seul e enquanto viajava, ela olhou para sua mãe e ela pareciam muito solitária. Então, Kyung-sook prometeu a ela que um dia, ela escreveria um livro dedicado a ela, sua mãe.
O livro começa relatando um desaparecimento: uma família procura sua mãe. Park So-nyo, uma senhora de 69 anos, se perdeu na estação de metrô de Seul. A família se reúne para fazer um anúncio de desaparecimento e, em seguida, uma curiosa discussão se desenvolve, revelando algo surpreendente: a família não conhecia muitos detalhes da vida da mãe, a começar pela própria data de nascimento.
O descuido com a própria mãe será percebido gradativamente ao longo do romance, com um comovente crescimento da consciência de cada membro da família, que somente após o desaparecimento da mãe começam a perceber seu real valor, culpados pela forma egoísta como a trataram durante toda a vida.
A epígrafe do livro revela um pouco da intenção do romance: “Ame enquanto puder amar”. É um chamado para cuidar das pessoas que ainda estão presentes em nossas vidas, principalmente nossa própria mãe.
Este é o desejo da autora: que o leitor ao ler o livro, pense "o que minha mãe está fazendo agora?" e deseje estar mais perto dela.
O romance da Shin Kyung-sook nos faz refletir sobre o conceito de geração: causa e efeito, pais e filhos – o fluxo da vida que perdura através dos tempos. Se fosse apenas disto que o livro tratasse ele teria um teor positivo e afetuoso como tônica da narrativa. Mas, como se trata da vida humana, o drama, a dor e o sofrimento estão inexoravelmente ligados a sua essência. Muitas passagens comoventes do livro correspondem analogamente à própria vida: não é possível defini-la, pois é necessário vivenciá-la para sentir seu todo concreto. Assim é esta obra da escritora coreana: temos que lê-la, vivenciá-la, para captar sua totalidade. O livro também faz um apelo a um retorno para relações mais fraternas e não egoísticas. A personagem Park So-nyo, a mãe desaparecida na história, exemplifica magistralmente esse valor perdido, sendo o maior símbolo do auto sacrifício, da humildade e do amor aos seus. É ela quem dá o tom harmônico do sentido de sua família. Sem ela, todos se percebem sem vínculos verdadeiros. A abordagem de uma análise da família feita pela autora carrega, por consequência, uma análise social da Coreia contemporânea, visto ser a família a base da sociedade. Assim, se os vínculos estão frágeis ou inexistentes entre as pessoas de relação mais próxima, como a familiar, como, então, devem estar as relações sociais mais indiretas? Por fim, é à máxima de Cristo que a autora apela mais profundamente: amemos o próximo como a nós mesmos – e se o próximo é aquele que gerou nossa vida, maior é nosso dever de amá-lo.
- C. de Oliveira
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